A eleição de Lula para presidente do Brasil trouxe um sopro de esperança para os servidores. Particularmente para aqueles servidores que durante os últimos seis anos lutaram para manter os serviços públicos funcionando e voltados para atender as necessidades da população. A expectativa da retomada de um Estado voltado para a promoção do desenvolvimento sustentável, promotor de justiça e atenção às necessidades da maioria da população deu novo animo aos servidores públicos.
Tal expectativa não foi diferente entre os servidores da área de ciência e tecnologia. Depois de seis anos de constantes ataques e a promoção do desmonte do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – SNCT&I, de negacionismo, de políticas anti-ciência e perseguição aos servidores, o povo brasileiro elegeu um novo governo comprometido com o desenvolvimento da ciência e tecnologia, com o bem estar da população, na valorização dos trabalhadores e servidores.
Para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, agora valorizado, foi escolhida uma mulher, a primeira mulher a ser ministra na área, a Ministra Luciana Santos. Sua indicação e posse foi muito bem recebida por todos e todas: servidores, pesquisadores, docentes, pós-graduandos e empresários, os integrantes e usuários/beneficiários do SNCT&I. Com pouco mais de um mês no cargo a Ministra deu mostra de seu trabalho à frente do MCTI. Atuou para a recomposição dos valores das bolsa de formação e pesquisa do CNPq e Capes, na recomposição do orçamento da área, na liberação e utilização dos recurso do FNDCT. A ministra abriu dialogo com políticos, organizações sociais, movimentos populares, na busca de retomar as ações de C&T em benefício da população brasileira.
Porém, um fato tem nos causado profunda estranheza e tristeza. Apesar de se colocar como pessoa de dialogo, que busca interlocução com os diversos atores do SNCT&I, com o fez com a SBPC, com a ABC, com o Confies e Confap, entre outros, a ministra não recebeu, até o presente momento, os servidores das carreiras de C&T, os servidores que atuam diariamente e diretamente para que o MCTI possa cumprir suas atribuições.
São os servidores das carreiras de C&T, pesquisadores, tecnólogos e gestores em C&T que planejam, fazem gestão, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que fazem o MCTI, o CNPq , a Capes e as Unidades de Pesquisa cumprir suas ações. Sem estes servidores o SNCT&I não funciona, não há a implementação de políticas públicas para a promoção e desenvolvimento científico. Sem os servidores, não há a implementação das bolsas de pesquisa e formação da Capes e CNPq, não há o editais e chamadas para financiar as pesquisa nos institutos e universidades. Sem a luta dos servidores e da comunidade científica o governo Bolsonaro teria demolido nosso sistema de C&T!
Apesar de tudo isto, a Ministra não recebe os servidores!
O Fórum de C&T, que congrega as entidades representativas (associações e sindicatos) dos servidores da área de C&T, solicitou audiência com a ministra logo que esta foi anunciada para o cargo. O SindGCT, que representa a carreira de gestão em C&T, também solicitou audiência logo na cerimônia de sua posse. Ambos, até o momento, não foram atendidos!
Não nos convence a explicação de que a agenda da ministra esta cheia. A ministra conseguiu abrir espaço para receber diversos setores, inclusive para alguns que não tem relação direta com a área de C&T…
Os servidores tem o que apresentar para a ministra, tem contribuições e propostas importantes para o melhor funcionamento do SNCT&I, para colocar as políticas públicas à serviço da população brasileira e na busca de soluções de problemas brasileiros. Por fim, os servidores tem uma pauta de reivindicações para trabalhar com a ministra.
Em um governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores – PT, não faz sentido que os trabalhadores e servidores não consigam uma interlocução com ministros, diretores, presidentes ou coordenadores.
Em um ministério comandado pela presidente do Partido Comunista do Brasil – PC do B, partido fundado por trabalhadores e que tem em seus postulados a defesa dos trabalhadores e a construção do socialismo, não faz sentido que os trabalhadores, servidores, diretamente a ela subordinados, não sejam ouvidos e se estabeleça com estes um dialogo profícuo e constante.
Ministra, vamos conversar?!